quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Carta de Apoio ás Comunidades Indígenas


Apucarana , 12 de Novembro de 2012 .







As entidades aqui representadas – UEA(União dos Estudantes de Apucarana) , PJ (Pastoral da Juventude) , Cebs( Comunidades Eclesiais de Base) , Pastoral Afro Descendente e Pastoral Fé e Política Gremio Estudantil do Colégio Tadashi Enomoto e DCE da UTFPR, vêm através desta , manifestar seu apoio e solidariedade ás Comunidades Indígenas de todo Brasil ,especialmente as situadas na região do Mato Grosso do Sul – denominados Guarani-Kaiowá e os situados no Paraná – denominados Tupi-Guarani .
Nos últimos dias, a divulgação de uma Carta assinada por indígenas Guarani-Kaiowá de Mato Grosso do Sul anunciando a morte coletiva de uma comunidade indígena inteira, formada por 50 homens, 50 mulheres e 70 crianças, comoveu inúmeros brasileiros de norte a sul do país. O modo como a carta foi noticiada por órgãos de imprensa e nas redes sociais passou a idéia de que ocorreria um “suicídio coletivo” entre os Guarani-Kaiowá.
O sentimento de desespero e a angústia presentes na carta publicada pela tribo, expressa a barbárie imposta pelo poder armado dos grandes latifundiários. A carta dos povos Guarani-Kaiowá é uma reação à decisão da Justiça Federal que decretou a sua expulsão da terra tradicional que ocupam, à beira de um rio, no município de Iguatemi/MS. A terra é objeto de disputa com fazendeiros, que costumam colocar pistoleiros para intimidar e até mesmo torturar e assassinar integrantes das comunidades indígenas que lutam pelo direito à posse da terra onde estão enterrados seus antepassados.
Houve manifestações em quase todas as cidades do Brasil , Essa mobilização foi um sucesso, uma vez que o Tribunal Regional Federal da 3ª Região, em São Paulo, suspendeu operação de retirada dos índios Guarani-Kaiowá do acampamento Pyelito Kue, atendendo a pedido da Fundação Nacional do Índio (FUNAI).Porém é só uma solução temporária. A decisão deverá vigorar até a identificação e demarcação final do território indígena pela FUNAI. A solução também é precária, uma vez que relações com o proprietário continuam tensas e perigosas.
Também no Paraná desde o início do ano, as comunidades indígenas do povo Guarani localizadas no município Guaíra  vêm realizando manifestações como (fechamento do Porto Internacional e a ponte Airton Senna que liga o Paraná ao Mato Grosso do Sul) para garantir os seus direitos à terra, à saúde, à educação diferenciada e à moradia digna. Durante as manifestações lideranças indígenas denunciaram o descaso dos órgãos públicos em não cumprirem o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado em 2009 sobre políticas públicas, bem como a não demarcação de suas terras. Além da morosidade em resolver a questão fundiária, os indígenas relataram fatos preocupantes como a falta de moradias, de saneamento básico, de abastecimento de água potável e de escolas na maioria das comunidades .
No que se refere às Terras Indígenas, a Constituição de 88 ainda estabelece que:
  • (art. 231, § 4) as Terras Indígenas são inalienáveis e indisponíveis, e o direito sobre elas é imprescritível;
  • (art. 231, § 5) é vedado remover os índios de suas terras, salvo casos excepcionais e temporários.
Nas Disposições Constitucionais Transitórias, fixou-se em cinco anos o prazo para que todas as Terras Indígenas no Brasil fossem demarcadas. O prazo não se cumpriu, e as demarcações ainda são um assunto pendente.

Diante desse verdadeiro conflito civilizatório, não temos a menor dúvida de qual é o nosso lado. Estamos juntos dos povos indígenas em defesa de suas terras e da sua identidade cultural. Manifestamos nossa integral solidariedade aos heróicos Guaranis-Kaiwoás e todas as comunidades indígenas  que ousam resistir à truculência dos fazendeiros e do poder judiciário. É hora de pressionarmos também o Governo Federal para agilizar o processo de demarcação das terras indígenas, único modo de parar o massacre dos povos indígenas , garantindo que tenham enfim condições de exercitar o seu direito ao “Bem Viver”, que sempre foi negado  “caras pálidas civilizados”. Na defesa dos povos indígenas, SOMOS TODOS GUARANI-KAIOWÁ!