Mais uma vez fomos pegos de surpresa por uma situação de des-gestão na União Paranaense dos Estudantes Secundaristas (UPES), a denúncia de que um possível golpe de carteirinhas falsas estava sendo aplicado em Cascavel, oeste do estado, causou polêmica e repercussão. Cartazes colados nas escolas da cidade anunciavam carteirinhas estudantis sendo “vendidas” pela União Catarinense dos Estudantes (UCE).
Tal suspeita não se confirmou, segundo nota lançada pela diretoria de comunicação da UPES, tudo não passou de um erro de digitação não percebido antes da impressão pela gráfica, que é a mesma que produz os materiais da UCE, porém o diretor de comunicação da UPES não esclareceu como os “vendedores” de carteirinhas não perceberam o erro antes de divulgar. Esse erro de digitação, de impressão, de divulgação e principalmente de objeto, porque não se vende um direito conquistado pela luta social, reflete pura e simplesmente a falta de gestão séria e compromissada pela qual a UPES passa, a entidade é desconhecida na grande maioria das escolas e não tem nenhuma outra atividade cotidiana que não a “venda” de carteirinhas de estudantes.
Não repudiamos de forma alguma o subsidio a carteirinha, haja visto que a sua confecção tem um custo e é necessária uma vez que quem deveria confecciona-la, o poder público, não o faz, e que o convênio uma vez firmado com o Governo do Estado não se mantém desde o final do governo Requião, e por óbvio não se re-configurou no des-governo neoliberal de Beto Richa, porém repudiamos que a “venda” destas carteirinhas seja a política de arrecadação da entidade, visando fortalecer seu caixa. A carteirinha de estudante deve ser confeccionada e repassada ao estudante pelo menor custo possível, para desta forma universalizar ou ao menos facilitar o seu acesso, outros meios de arrecadação devem ser pensados e postos em prática para fomentar o caixa da UPES, carteirinha de estudante é um direito e não uma mercadoria.
Quando a carteirinha de estudante, um direito conquistado pelo movimento estudantil, é transformada em um produto e é vendida como se fosse comercializável, erros grosseiros como o que ocorreu em Cascavel- PR tendem a se multiplicar. A carteirinha de estudante deve ser política pública e distribuída gratuitamente para todos/as os/as estudantes da rede pública e privada. Afinal a carteirinha de estudante não reflete a associação de um membro a um clube ou associação, e sim comprava que ele/ela estudante tem o direito à meia entrada, que é lhe garantido por lei.
É bizarra a comercialização de carteirinhas de estudante, assim como é bizarra a comercialização de qualquer direito conquistado através da luta social. A Kizomba-PR, repudia a comercialização das carteirinhas, repudia os termos "vendidas" e "vendedores" que constam na nota de esclarecimento divulgada pela União Paranaense dos Estudantes Secundaristas ao se referir as carteirinhas e aos responsáveis pela sua divulgação, e repudia ainda mais o descaso com o/a estudante paranaense, tanto por parte da UPES, cuja direção majoritária cometeu o gravíssimo erro de imprimir sem ler um material teoricamente produzido por ela mesma, e ao governo do estado, que a alguns anos deixou de distribuir as carteirinhas de identificação estudantil.
Repudiamos também a forma como as pautas são conduzidas por dentro da entidade, reuniões da direção executiva dificilmente acontecem e quando acontecem não tem sequer o quórum minimo preenchido, a proporcionalidade imposta pelo congresso da UPES não é respeitada pela direção majoritária que conduz e decide a gestão da UPES sem dialogo com as demais forças. Esta forma autoritária e centralizadora de se conduzir uma entidade com tamanha conotação coletiva causa não só o problema das carteirinhas, mas inúmeros problemas de gestão que poderiam ser facilmente evitados se a gestão fosse tocada de forma coletiva, transparente e democrática. Transparência também não é palavra chave nas ultimas gestões da UPES, que não prestaram contas de suas receitas e gastos, não prestam contas inclusive das carteirinhas de estudante que "vendem" nas escolas do Paraná.
E reafirmamos a meia-entrada é um DIREITO dos/as estudantes, e ninguém pode ser obrigado/a a pagar por esse direito.